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Pastor, maldoso e satânico, volta a ser acusado de vender “cura gay” por R$ 2 mil

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Em 2019, ex-amante do pastor da Comunidade Cristã Aliançados foi denunciada pelo MPMS sob acusação de extorsão; acusada nega e diz que o flagrante foi armado.

Envolvido em escândalos que vão de um caso amoroso extraconjugal, admitido em processo Judicial, até a acusação de continuar “vendendo” a ideia de que o homossexualismo é uma doença que pode ser curada através de um retiro espiritual, mais conhecido como “cura gay”, o pastor Denilson Cordeiro da Fonseca volta ao noticiário policial, agora acusado de continuar a fazer cultos com “revelações de Deus” e forte apelo para arrecadação de ofertas para a manutenção da igreja, além de continuar vendendo a “cura gay”.

Na verdade, a denúncia é apenas um reforço às informações que já se encontram em poder das autoridades policiais e judiciárias desde o ano de 2021 quando um frequentador da seita Comunidade Cristã Aliançados acusou Denilson Cordeiro da Fonseca de realizar rituais satânicos, mesclados a revelações divinais, seguidas de forte argumentação para convencer os fiéis a aumentarem o valor de suas ofertas que, nas palavras do pastor, seriam usadas para manter a igreja em funcionamento.

Dois anos antes, em 2019, Juliana Ferreira Ramires acabou alvo de denúncia no Ministério Público acusada de tentar extorquir R$ 25 mil do pastor de quem era amante.

Ela, porém, nega toda a acusação e afirma que foi alvo de um flagrante armado pelo pastor de quem era amante e a quem teria pedido R$ 25 mil emprestados.

O pastor teria usado o momento da entrega do montante pedido emprestado por Juliana para forjar o flagrante contra a amante. Por telefone ele avisou policiais previamente para que chegassem ao local e lhe dessem voz de prisão.

No curso do processo foram realizadas várias oitivas com o pastor, nesse caso na condição de vítima, e com Juliana Ferreira Ramires, na condição de acusada.

Em depoimento, o pastor admitiu que teve o caso extraconjungal com Juliana e que quando ele tentou terminar o “namoro” ela não aceitou e passou a ameaçá-lo. O pastor admitiu, inclusive, que revelou a relação extraconjugal à sua esposa.

Juliana relatou em depoimento que Denilson Fonseca, em algumas ocasiões, deu dinheiro pra ela pra comprar a pílula do dia seguinte, embora em suas reuniões na igreja e na conhecida escola de cura, ele batesse fortemente contra tal prática dizendo que o uso da pílula do dia seguinte é considerado aborto e que o aborto abre as portas do inferno para que tira e mata o bebê (pratica o aborto) e para quem financia o que o pastor considera um assassinato (paga os custos do aborto).

FATURAMENTO ALTO – Em 2021, o contador da Igreja Comunidade Cristã Aliançados foi denunciado por suposto furto de envelopes com as doações em dinheiro feitas pelos fiéis.

As denúncias dão conta de que a receita das doações dos fiéis chegavam a mais de R$ 13 mil em apenas um culto noturno.

Agora o nome do pastor volta à tona, após um frequentador da igreja ter procurado as autoridades para relatar a atuação do pastor que estaria “usando de discriminação à comunidade LGBTQIA+” pregando a “cura gay”, mediante pagamento de valores que chegam a R$ 2 mil por “sessão de cura”.

O denunciante atual teria mostrado conhecer a legislação ao afirmar que o pastor estaria contrariando frontalmente o disposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças, assim como contraria o Código de Ética da Psicologia, que proíbe profissionais da área de saúde de induzirem seus “pacientes” (sic!) a questionarem a orientação sexual sob a alegação de que seja doença.

Há dois anos, Denilson foi denunciado por fiéis, descontentes com sua forma de conduzir os assuntos relativos à Comunidade Cristã Aliançados, de estar fazendo seus cultos online, direto dos Estados Unidos onde se encontraria em “retiro espiritual”.

CURA GAY – Na época em que foi acusado pela primeira vez de promover (vender) a “cura gay”, Denilson Cordeiro da Fonseca foi ouvido pelo promotor Eduardo Franco Cândia oportunidade em que ele explicou os procedimentos da Escola de Cura, instalada na chácara da Comunidade Cristã Aliançados.

Ele apresentou à promotoria os folders de divulgação do curso, negando se tratar de “cura gay” e que dentre os casos atendidos pela “Escola de Cura” havia situações envolvendo vícios em bebidas e drogas, problemas financeiros e de relacionamentos conjugais.

À época, o pastor pontuou que a “Escola de Cura” mantinha apenas um convênio com a Igreja Comunidade Cristã Aliançados e que na própria Igreja havia fiéis homossexuais.

O curso era dividido em três módulos, com cada módulo custando R$ 970,00. O valor podia ser parcelado. O pastor também admitiu que os “cursos” reuniam entre 100 e 110 participantes por reunião.

Na Escola de Cura, segundo frequentadores fiéis à igreja, é curada “toda forma maldição”. As maldições, explicou uma das funcionárias, podem ter vindo da família de forma hereditária, adquiridas por algum pecado ou por alguma atitude.

O retiro começa na quinta-feira à tarde e há atividades coletivas e também individuais com um pastor em um gabinete durante todo o fim de semana.

Nesse atendimento individual é feito o tratamento do problema específico da pessoa. A cura, inclusive a suposta cura gay, seria feita com orações de renúncia para que a pessoa mude seu modo de viver.

Apesar de ter sido denunciado e ouvido pelas autoridades policiais e judiciárias, o pastor teria retomado as reuniões de “curas gay”, além de continuar a pregação com rituais considerados satânicos, segundo o denunciante.

RITUAIS SATÂNICOS – Entre os rituais considerados anticristo está um que consiste em reproduzir uma Cruz de Nero (a cruz invertida) com beijos na barriga de uma pessoa.

Juliana Ferreira Ramires afirmou em juízo que, em 2018, quando conheceu o pastor Denilson, este teria feito a Cruz de Nero em seu corpo e com isso ela ficou perdidamente apaixonada por ele, motivo pelo que tentou de todas as formas evitar o término do relacionamento que mantinha com o pastor.

O procedimento – formar a Cruz de Nero com beijos na barriga da outra pessoa – tem como objetivo, segundo a denunciante, amarrar uma pessoa à outra. “A minha vida nunca mais foi a mesma desde que ele me fez a Cruz de Nero em meu corpo” disse Juliana no seu depoimento.

A verdade é que a Cruz de Nero, ou Cruz Invertida, é um ritual usada dentro do Satanismo.

Ela relatou que o pastor disse lhe disse que tinha feito a distância o desligamento de tal ritual, mas a mesma acredita que isso não tenha ocorrido, uma vez que continua vivendo dias de muitos transtornos psicológicos e emocionais.

QUESTIONAMENTOS – Diante de tudo que foi exposto pela denunciada/vítima e por fiéis da seita, fica a pergunta: por que o pastor Denilson Fonseca usou desse ritual pra teoricamente se beneficiar prendendo a amante a ele, se nos cultos sempre condenou veementemente a “traição no casamento” e os cultos satânicos?

De qual lado o Pastor Denilson Fonseca está: do lado de Deus ou do Diabo?

São perguntas que ficam sem respostas, uma vez que em seus cultos o pastor usa esses rituais fora da Bíblia e que são considerados demoníacos, exigindo dele próprio a prática do exorcismo ou um procedimento da “Escola da Cura”, não usado em outras igrejas, haja vista que sua criação (dos cultos satânicos) teve com a finalidade específica de exorcizar frequentadores da igreja supostamente endemoniados.

O espaço
Prédio onde funcionou uma das mais badaladas casas d show de Campo Grande, a Diamond Hall, agora é sede milionária da Igreja Comunidade Cristã Aliançados _ Divulgação

SEM NOVAS IGREJAS – Desde que fundou a Comunidade Cristã Aliançados, o pastor Denilson nunca escondeu o sonho de fazer sua seita crescer, chegando a falar ao seus seguidores que Missionário R. R. Soares, Bispo Edir Macedo, Apóstolo Valdemiro Santigo e pastores Alécio Miranda Leal e David Miranda, entre outros bambambãs do movimento evangélico pentecostal, que se cuidassem.

Porém, desde que o processo 0001765-69-2019.8.12.0021 começou a tramitar na Justiça, ele mudou seus planos temporariamente e a construção de templos programada para outras cidades – Três Lagoas e Rochedo como exemplos – não foi adiante.

Ele teria sido orientado por amigos e pessoas próximas que diante da repercussão negativa perante a sociedade, seria melhor “recolher o flap” por uns tempos e só retomar o ambicioso projeto de crescimento da seita quando a poeira baixasse.

Pelo jeito, o poeirão ainda está forte, pois não há nenhum sinal de retomada da execução dos projetos de construção de novos templos para os rituais do pastor sob suspeita da prática de rituais satânicos junto aos seguidores da Comunidade Cristã Aliançados.

Por Gustavo dos Santos/Gugu

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