Empreiteiro de Campo Grande é quem fazia o repasse de propina para prefeito de Corumbá e empreiteiros, diz PF
Polícia Civil que antecederam a deflagração da Operação Offset, no início deste mês, detalham como ocorreria a distribuição de propina paga por empresas contratadas pelo município de Corumbá. As investigações reforçam que o dinheiro em espécie seria distribuído imediatamente após a chegada de Márcio Iunes, irmão do prefeito Marcelo Iunes, à Corumbá, em retorno de viagens realizadas a Campo Grande, onde a propina seria coletada. O “centro de distribuição” também seria a residência de Márcio.
É o que fica caracterizado em trecho do inquérito policial. Nele, é descrito que, ao retornarem de Campo Grande na noite de 16 de julho deste ano, Márcio Iunes e o ex-secretário de Segurança Pública de Corumbá, Edson Panes, deslocaram-se para a residência de Márcio. Naquela ocasião, mais dois veículos chegam no mesmo instante e seus condutores também adentraram no imóvel, passando pouco tempo e saíram carregando bolsas ou pacotes.
Nesse dia, segundo o documento, o condutor de um dos veículos apresentou conduta suspeita, tendo permanecido apenas cerca de 10 minutos na residência. Na sequência, deslocou-se até endereço na Rua Tiradentes. Em mais um deslocamento, o homem dirigiu-se a imóvel onde funciona uma loja de conveniência, na região central de Corumbá. Para a PF, o condutor seria um nomeado a cargo de assessor com vínculo junto à Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos de Corumbá, comandada por Ricardo Ametla.
PF registrou mais encontros suspeitos, durante toda a tarde e início da noite, também na residência de Márcio: foram verificadas as presenças de Edson Panes e dois assessores municipais em cargo comissionado, além de Ricardo Ametla e mais um familiar de Márcio e de Marcelo Iunes. Já no dia 25, os encontros registrados pela PF seguiram acontecendo, inclusive, com a presença de Alexandre Frozino, apontado como o proprietário de fato da Gráfica Solux e visto em diligências realizadas em Campo Grande no dia 16 daquele mês. Acompanhado de Gustavo Kroll dona da empreiteira EngeKroll que tem endereço acoplado ao Consulado da Siria, Frozino e Kroll deixaram a residência de Márcio portando objeto considerado suspeito pela Polícia Federal. Eles utilizavam o mesmo veículo registrado no encontro em Campo Grande do dia 16 daquele mês, uma Pajero.
Em outra ocasião, já no mês de agosto, Alexandre Frozino e Gustavo Kroll retornaram à Corumbá, onde realizaram visitas a obras de engenharia contratadas pela Prefeitura. Para tanto, a dupla utilizou uma Toyota SW4, registrado em nome de Danielle de Oliveira. Para a PF, o cruzamento dos dados de propriedade desta SW4 reforçam indícios que que a Gráfica Solux teria pago propinas a Márcio Iunes em Campo Grande. Isso porque outro relatório constatou que houve saques bancários realizados por Danielle de Oliveira das contas da Solux, segundo levantamento feito junto ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).