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PCC rachado: aliados de Marcola tomam “bocas” de dissidentes

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Em meio ao conflito entre os líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), os aliados de Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, o líder supremo da facção, começaram a tomar controle das “biqueiras”, os pontos de venda de drogas em São Paulo, anteriormente administrados pelos dissidentes.

Familiares dos ex-líderes também expressam preocupação em perder os bens adquiridos por meio dos negócios e dinheiro proveniente do PCC. A informação foi divulgada pelo colunista Josmar Jozino, do UOL, e confirmada pelo Metrópoles.

O conflito é desencadeado por uma disputa de poder entre Marcola e antigos aliados que já integraram a Sintonia Geral Final, o mais alto escalão da facção criminosa, e agora acusam o líder máximo de atuar como delator.

Os dissidentes incluem Roberto Soriano, conhecido como Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, apelidado de Abel Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, conhecido como Andinho. Eles receberam apoio de pelo menos mais dois líderes históricos do PCC: Daniel Vinicius Canônico, conhecido como Cego, e Reinaldo Teixeira dos Santos, apelidado de Funchal.

De acordo com a reportagem do UOL, a facção reduziu os benefícios financeiros, deixou de pagar advogados e cortou outras ajudas aos ex-líderes. Investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontam Marcola como o responsável direto pela Sintonia dos Gravatas, a célula encarregada da defesa jurídica dos membros.

O conflito resultou em violência em diversas cidades paulistas. O promotor Lincoln Gakiya, do MPSP, confirmou que familiares dos envolvidos no racha pediram proteção policial, um direito concedido apenas a quem colabora em investigações e adere ao programa de proteção à testemunha.

As primeiras mortes a se tornarem públicas incluem a de Donizete Apolinário da Silva, aliado de Marcola, assassinado a tiros em Mauá, na Grande São Paulo, e a de Luiz dos Santos Rocha, conhecido como Luiz Conta Dinheiro, e Cristiano Lopes da Costa, apelidado de Meia Folha, mortos em Atibaia e no Guarujá, respectivamente.

O cerne do conflito, considerado histórico, seria um diálogo gravado entre Marcola e agentes penitenciários federais, no qual o líder máximo do PCC descreve Tiriça como um “psicopata”. Essa declaração foi usada por promotores durante o julgamento de Tiriça, que foi condenado em 2023 pelo assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo. A fala de Marcola foi interpretada pelos antigos aliados como uma espécie de delação.

Tiriça, Vida Loka e Cego ocupavam posições de destaque na facção desde 2002, quando Marcola ascendeu na hierarquia e assumiu o controle do grupo criminoso. Já Andinho e Funchal também são membros da facção há décadas e ocuparam postos de liderança.

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